Induzir o parto significa estimular, de forma artificial, as contrações uterinas para que o trabalho de parto aconteça antes do seu início espontâneo. A indução é indicada quando há riscos associados a continuidade da gravidez para a mãe, bebê ou ambos.
Quando é necessário induzir o parto?
O obstetra pode considerar a indução do parto quando existirem condições clínicas que prejudiquem a saúde da gestante ou do bebê, tais quais:
– Quando a bolsa romper, o trabalho de parto não iniciar espontaneamente e houver sinais de infecção. Após o rompimento da bolsa, aumentam os riscos de infecções, que podem ser prejudiciais ao bebê. Alguns médicos, em conjunto com o casal, podem optar por uma conduta espectante, desde que não haja sinais de infecção, enquanto outros seguem protocolos que sugerem a administração de antibióticos. Na maioria dos casos é possível esperar que o bebê nasça naturalmente, pois em aproximadamente 70% dos casos as mães dão à luz dentro desse tempo, sem a necessidade de intervenção. Em outros, a indução pode ser aconselhada.
– Quando a gestante apresentar hipertensão associada a pré-eclâmpsia ou eclâmpsia (o que é diferente de um leve aumento da pressão arterial no final da gestação).
– Quando a gravidez se prolonga para além das 42 semanas de gestação. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir da 42ª semana, aumentam os riscos para a mãe e o bebê; por exemplo, a placenta pode se tornar ineficiente em fornecer ao bebê oxigênio e nutrientes e há aumento das chances de presença de mecônio.
– Quando as condições clínicas acrescentam riscos à mãe ou ao bebe, como diabetes não controlada, doença renal severa ou restrição de crescimento.
Quais as formas de indução?
As técnicas utilizadas para induzir o parto dependem das condições do colo uterino. O acompanhamento destas características é feito através do Índice de Bishop, que avalia a consistência, a dilatação e o posicionamento do colo.
Dependendo da pontuação obtida com o Índice de Bishop, pode ser necessária a maturação cervical (do colo do útero) antes da indução propriamente.
Descolamento de membranas, Sonda de Foley e Ruptura artificial de membranas
Métodos mecânicos podem ser empregados pelo médico, como o descolamento das membranas ou uma massagem mais vigorosa no colo do útero. A sonda de Foley é uma sonda com um globo em seu extremo, pequeno e desinflado. Quando o globo se infla com água, exerce pressão no colo do útero, estimulando a dilatação. Já a ruptura das membranas representa um estimulo mais enfático, pois a presença das prostaglandinas presentes no liquido amniótico ajudam a amolecer e afinar o colo. Em alguns casos, essas intervenções mecânicas podem dar início ao trabalho de parto sem que a indução através de hormônios precise ser feita.
Prostaglandinas
Em geral, se o colo uterino ainda não está preparado (dilatado e afinado) o suficiente, se inicia uma indução através da administração de prostaglandina artificial (por exemplo, o misoprostol) via oral ou vaginal. Estes fármacos ajudam a amadurecer o colo e muitas vezes estimulam contrações suficientes para desencadear o trabalho de parto.
Ocitocina
Quando o colo está suficientemente maduro, a indução é feita com o uso da ocitocina sintética via intravenosa, que provoca as contrações uterinas, acelerando o trabalho de parto.
A indução de parto deve acontecer sempre por razões clínicas e nunca por conveniência ou por motivo psicológico, social ou cultural. Quando a indução é eletiva, ou seja, a gestante ou o médico decidem induzir o parto sem necessidade real, pode haver riscos desnecessários para a saúde da mãe e do bebê. Um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que a indução, principalmente em mulheres que dão a luz pela primeira vez, aumenta as chances de necessidade de cesariana, além de aumentar os riscos de hemorragia e período de hospitalização mais longo após o parto.
Todos os procedimentos utilizados no parto devem ser discutidos entre o casal e a equipe que os acompanha. Na hora de ponderar intervenções, é importante que a equipe tenha em mente que os benefícios de um procedimento devem superar os riscos de realizá-los.
Mas não se assuste! Na maioria dos casos, uma indução bem indicada, realizada e acompanhada leva ao sucesso do parto normal e evita riscos para o binômio mãe-bebê.